Chama-se caricatura todo desenho que acentua detalhes ridículos. O
desenho caricatural constitui um gênero de cu Caricatura - História e
Características
Chama-se caricatura todo desenho que acentua detalhes ridículos. O
desenho caricatural constitui um gênero de cunho satírico, mas não
obrigatoriamente cômico. A caricatura é a reprodução gráfica de uma pessoa,
animal ou coisa, de uma cena ou episódio, exagerando-se certos aspectos com
intenção satírica, burlesca ou crítica. O vocábulo (do italiano caricatura, de
caricare, "carregar", "acentuar") foi utilizado pela primeira
vez em 1646, para designar uma série de desenhos satíricos de Agostino Carracci
que focalizava tipos populares de Bolonha. O termo, porém, já fazia parte do
jargão artístico.
A princípio considerada mero divertimento, a caricatura tornou-se
importante atividade artística. Entre seus cultores incluem-se diversos nomes
significativos na história das artes visuais. A propensão para o caricatural
ocorre em todos os artistas de tendência expressionista - não fora o
expressionismo, mais do que um simples estilo, uma forma original de conceber o
mundo e a existência. De certo modo, cultivaram a caricatura, ou sofreram sua
influência, grandes artistas de todos os tempos, como Bosch e Quentin Metsys,
Leonardo da Vinci e Arcimboldo, Jacques Callot e Goya, Ensor e George Grosz. Os
"Caprichos" de Goya, por exemplo, têm linguagem afim à da caricatura,
cuja intenção mais profunda não é ridicularizar nem provocar o riso fácil, e
sim, como escreveu Claude Henri Watelet em 1792, "fixar os caracteres e as
expressões".
Outra característica da caricatura é transcender o individual, para
particularizar o coletivo de uma época ou de um povo: a figura de John Bull,
por exemplo, criada por Sir John Tenniel e John Leech, mais que um desenho
caricato, é um símbolo do povo britânico, de suas mais íntimas convicções. Como
bem observou o brasileiro Herman Lima, o personagem ideal John Bull terminou
"representado em pessoa por Winston Churchill, mostrando assim o poder
verdadeiramente divinatório dos caricaturistas que primeiro o
idealizaram". Do mesmo modo, Tio Sam, de Thomas Nast (em boa parte
inspirado em Abraham Lincoln), ultrapassa a condição de caricatura, que teve
inicialmente, para caracterizar o americano, externa e intimamente considerado.
Transcende também a caricatura o domínio do puramente visual. Já em
1857, Baudelaire escrevia ter ela direito às atenções de historiadores,
arqueólogos e filósofos. Pode ser-lhe aplicado o que Baudelaire afirmou da obra
de Honoré Daumier: "Por ela, o povo podia falar ao povo." Não admira
que, nos regimes autoritários, toda vez que a manifestação do pensamento se vê
cerceada ou suprimida, caiba papel de destaque aos caricaturistas.
O cartoon, gênero criado pelos ingleses, caracteriza-se basicamente por
seu aspecto anedótico. Compõe-se geralmente de um desenho e pode vir
acompanhado ou não de palavras. Do cartoon em sequência surgiu a história em
quadrinhos. Já o desenho de humor explora os aspectos não-anedóticos dos fatos
e tem no acontecimento contemporâneo sua matéria-prima, focalizando-o em geral
de modo ameno, embora às vezes assuma o caráter de humor negro.
A caricatura já era conhecida dos egípcios (o museu de Turim guarda um
papiro que retrata o faraó Ramsés II com orelhas de burro), gregos (pinturas em
vasos) e romanos (afrescos de Pompéia e Herculano). Dela se utilizaram
arquitetos e escultores românicos e góticos nas fachadas e capitéis das
catedrais, e com ela miniaturistas preencheram as margens de centenas de
manuscritos, mesmo de alguns acentuadamente religiosos. Como arte independente,
porém, a caricatura é fruto da Renascença, devendo-se a Annibale Carracci o
primeiro exemplar do gênero, hoje no museu de Estocolmo: um desenho que
representa um casal de cantores italianos, feito em 1600.
A época dos que se dedicaram à caricatura como uma arte autônoma teve
início com Pier Leone Ghezzi (1674-1755). Até então, essa atividade era
praticada quase exclusivamente por pintores em momentos de descanso de seus
trabalhos "sérios". A partir do século XVIII, a caricatura floresceu,
primeiro com Romeyn de Hooghe, nos Países Baixos, e logo depois com William
Hogarth, pai da caricatura britânica e da caricatura social, entre cujos
continuadores podem ser mencionados Thomas Rowlandson e George Cruikshank. Em
oposição à caricatura pessoal, surge, com George Townshend (1724-1807), em fins
do século XVIII, a caricatura política, que iria ter seu mais notável
representante em James Gillray (1757-1815).
A invenção da litografia pelo alemão Aloys Senefelder, nos últimos anos
do século XVIII, contribuiu bastante para a divulgação da caricatura. Até
então, o caricaturista utilizava apenas matrizes de metal, gravando o desenho
em folhas soltas, com poucas possibilidades de divulgação de seus trabalhos -
os quais nunca ultrapassavam os círculos socialmente mais elevados da
população. A litografia, possibilitando grandes tiragens e preços menores,
facilitou a disseminação da caricatura.
Logo em seguida, e ainda como conseqüência direta da litografia,
surgiram os periódicos especialmente dedicados à caricatura, entre os quais o
semanário La Caricature (1830) e o diário Le Charivari, franceses, ambos
fundados por Charles Philipon. À ação estimulante de Philipon deve a história
da caricatura alguns de seus nomes mais ilustres, como Grandville (Jean Ignace
Isidore Gérard), Gustave Doré, Cavarni e, sobretudo, Honoré Daumier - talvez o
maior caricaturista de todos os tempos, autor de 3.958 litografias, entre as
quais dezenas de obras-primas, incomparáveis ao mesmo tempo pelo apuro técnico,
expressividade e espírito crítico.
Na senda aberta por La Caricature, logo apareceriam numerosos outros
periódicos, em toda a Europa, entre eles, na Inglaterra, Punch (1841) -
intimamente ligado à história do desenho de humor, à caricatura de índole
social - e Simplicissimus (1896), na Alemanha.
Entre os mais famosos caricaturistas do século XIX encontram-se
Philibert Louis Debucourt, Louis-Léopold Boilly, Jean-Baptiste Isabey e Henri
Monnier, na França; Robert Seymour, John Doyle e seu filho, Richard Doyle, John
Leech, John Tenniel e d'Orsay, na Grã-Bretanha; Thomas Nast, Joseph Keppler e
Bernhard Gillam, nos Estados Unidos; Virgínio, na Itália, e Eduard Schleich, na
Alemanha. No período de transição, a meio caminho entre os séculos XIX e XX,
destacam-se os nomes dos ingleses Carlo Pellegrini (Ape) e Max Beerbohm; dos
franceses Caran d'Ache (Emmanuel Poiré), Jean-Louis Forain e Toulouse-Lautrec;
do sueco Olaf Gulbransson, do alemão Eduard Thöny.
No século XX, período das grandes conflagrações internacionais, das
convulsões sociais, das ideologias totalitárias, a caricatura encontraria farto
material a explorar, com destaque para nomes como os de Charles Dana Gibson e
Art Yong nos Estados Unidos, David Low no Reino Unido, Louis Raemaekers nos
Países Baixos, Sennep (Jean-Jacques Pennès) na França e Fritz Meinhard na
Alemanha.
No que diz respeito ao cartoon, merecem menção especial Wilhelm Busch e
Edward Lear, George Belcher e Aubrey Beardsley, Constantin Guys e Eugène Lami,
no século XIX; Saul Steinberg, André François, Manzi, Chaval (Yvan Le Louarn)
Tomi Ungerer, Miguel Covarrubias e Ralph Barton, no século XX.
Caricatura no Brasil
A dar-se crédito a Rodrigo José Ferreira Bretas, primeiro biógrafo do
Aleijadinho, caberia ao famoso escultor e arquiteto mineiro do século XVIII a
prioridade na história da caricatura brasileira. Bretas afirma ter o
Aleijadinho reproduzido, em um grupo de são Jorge com o dragão, os traços de
certo coronel José Romão, seu desafeto. Todavia, o verdadeiro iniciador da
caricatura no Brasil foi Manuel de Araújo Porto Alegre, que publicou a primeira
caricatura, anonimamente, no Jornal do Comércio de 14 de dezembro de 1837: uma
sátira ao jornalista Justiniano José da Rocha, inimigo do artista.
O primeiro periódico a imprimir caricaturas foi a Lanterna Mágica,
publicado no Rio de Janeiro entre 1844 e 1845, possivelmente por iniciativa de
Araújo Porto Alegre. O mais notável caricaturista da época foi, porém, Rafael
Mendes de Carvalho, colaborador daquele periódico. Número razoável de
caricaturas anônimas, quase todas litografadas em estabelecimentos como o de
Frederico Guilherme Briggs, surge no Rio de Janeiro em fins da primeira metade
do século XIX: são, na maior parte, caricaturas políticas, de grande
virulência.
Ao lado de tais caricaturas soltas, vendidas separadamente em
papelarias, surgem publicações como O Caricaturista, que sucedeu ao Sete de
Abril, todas de vida efêmera. Mais importância teriam a Marmota Fluminense
(1849) e o Charivari Nacional (1862). Na Vida Fluminense (1868) colaboraria
desde o primeiro número Ângelo Agostini, um dos maiores caricaturistas
brasileiros do século XIX. Em 1875, o pintor português Rafael Bordalo Pinheiro
fixa-se no Rio e passa a colaborar com caricaturas em O Mosquito e em outras
publicações do gênero.
Outro famoso pintor que publicou caricaturas na imprensa carioca foi
Pedro Américo, secundado por Aurélio de Figueiredo e Décio Vilares. Em 1876,
Agostini publicou o primeiro número da Revista Ilustrada, a que Joaquim Nabuco
chamaria, anos depois, "Bíblia da Abolição dos que não sabem ler",
tal o empenho com que se lançou em prol da emancipação dos escravos no Brasil.
O ano de 1900 inaugurou uma fase nova na história da caricatura
brasileira, com a fundação da Revista da Semana, por Álvaro de Tefé, de volta
da Europa, de onde trouxera novos processos técnicos de impressão: o fotozinco
e a fotogravura. Pela mesma época surgem no Rio de Janeiro três grandes
caricaturistas: Raul Pederneiras (Raul), Calixto Cordeiro (K. Lixto) e J.
Carlos, que podem ser considerados os primeiros caricaturistas verdadeiramente
brasileiros. O aparecimento de jornais e revistas possibilitaria amplo
desenvolvimento à caricatura de cunho social e político.
J. Carlos foi o mais completo caricaturista brasileiro dessa fase, tendo
praticado de modo superior todas as modalidades da caricatura - do
portrait-charge à sátira política, e da ilustração à crítica social. Nesse
período destaca-se também Voltolino, em São Paulo. Por volta de 1930, começariam
a surgir na imprensa novos caricaturistas, que já se distinguiam pela maior
modernidade do traço e pelo modo contemporâneo de encarar o motivo. Dentre
esses, destacam-se os portrait-chargistas Andrés Guevara, paraguaio, Enrique
Figueroa, mexicano, Alvarus (Álvaro Cotrim) e Mendez (Mário Mendes).
Dos caricaturistas desse período, alguns dos mais importantes são: Max
Yantok, cujo traço era arrojado para a época, Antônio Gabriel Nássara, de traço
bastante sintético, Gil, Alfredo Storni, Vasco Lima, Seth (Álvaro Marins), Luís
Peixoto, Emiliano Di Cavalcanti, Ramos Lobão, Emílio Cardoso Aires, Fritz
(Anísio Oscar Mota) e Rian (Nair de Teffé), a primeira mulher caricaturista do
Brasil.
A caricatura política declinou em 1937, com a implantação do Estado
Novo, que instaurou a censura prévia. A segunda guerra mundial, porém, deu
ensejo a sátiras notáveis contra os regimes totalitários, da parte de J.
Carlos, Belmonte (Benedito Barreto), criador do Juca Pato, Téo (Djalma
Ferreira), Andrès Guevara e Augusto Rodrigues, então muito moço. Entre fins da
década de 1940 e início de 1950, surgem Hilde Weber na charge política,
Péricles (Péricles de Andrade Maranhão), criador da figura do Amigo da Onça, e
o humor popular de Carlos Estêvão.
Sobressai nesse período o humorista Millôr Fernandes, que abriu caminho
para o aparecimento, nos anos 60 e 70, de caricaturistas como Ziraldo (Ziraldo
Alves Pinto), Borjalo (Mauro Borja Lopes), Fortuna (Reginaldo Azevedo), Jaguar
(Sérgio Jaguaribe), Claudius (Claudius Ceccon), Appe (Amilde Pedrosa), Lan
(Franco Vaselli), e especialmente, pela essencialidade do traço, Henfil
(Henrique Souza Filho). Na década de 1980 e 1990 sobressaíram-se Luís Fernando
Veríssimo, Miguel Paiva e, na charge política, Chico Caruso.
Fonte: < http://www.emdiv.com.br/arte/enciclopediadaarte/685-caricatura-historia-e-caracteristicas.html
>
Acessado em 31 de agosta de 2012nho satírico, mas não obrigatoriamente
cômico. A caricatura é a reprodução gráfica de uma pessoa, animal ou coisa, de
uma cena ou episódio, exagerando-se certos aspectos com intenção satírica,
burlesca ou crítica. O vocábulo (do italiano caricatura, de caricare,
"carregar", "acentuar") foi utilizado pela primeira vez em
1646, para designar uma série de desenhos satíricos de Agostino Carracci que focalizava
tipos populares de Bolonha. O termo, porém, já fazia parte do jargão artístico.
A princípio considerada mero divertimento, a caricatura tornou-se
importante atividade artística. Entre seus cultores incluem-se diversos nomes
significativos na história das artes visuais. A propensão para o caricatural
ocorre em todos os artistas de tendência expressionista - não fora o
expressionismo, mais do que um simples estilo, uma forma original de conceber o
mundo e a existência. De certo modo, cultivaram a caricatura, ou sofreram sua
influência, grandes artistas de todos os tempos, como Bosch e Quentin Metsys,
Leonardo da Vinci e Arcimboldo, Jacques Callot e Goya, Ensor e George Grosz. Os
"Caprichos" de Goya, por exemplo, têm linguagem afim à da caricatura,
cuja intenção mais profunda não é ridicularizar nem provocar o riso fácil, e
sim, como escreveu Claude Henri Watelet em 1792, "fixar os caracteres e as
expressões".
Outra característica da caricatura é transcender o individual, para
particularizar o coletivo de uma época ou de um povo: a figura de John Bull,
por exemplo, criada por Sir John Tenniel e John Leech, mais que um desenho
caricato, é um símbolo do povo britânico, de suas mais íntimas convicções. Como
bem observou o brasileiro Herman Lima, o personagem ideal John Bull terminou
"representado em pessoa por Winston Churchill, mostrando assim o poder
verdadeiramente divinatório dos caricaturistas que primeiro o
idealizaram". Do mesmo modo, Tio Sam, de Thomas Nast (em boa parte
inspirado em Abraham Lincoln), ultrapassa a condição de caricatura, que teve
inicialmente, para caracterizar o americano, externa e intimamente considerado.
Transcende também a caricatura o domínio do puramente visual. Já em
1857, Baudelaire escrevia ter ela direito às atenções de historiadores,
arqueólogos e filósofos. Pode ser-lhe aplicado o que Baudelaire afirmou da obra
de Honoré Daumier: "Por ela, o povo podia falar ao povo." Não admira
que, nos regimes autoritários, toda vez que a manifestação do pensamento se vê
cerceada ou suprimida, caiba papel de destaque aos caricaturistas.
O cartoon, gênero criado pelos ingleses, caracteriza-se basicamente por
seu aspecto anedótico. Compõe-se geralmente de um desenho e pode vir
acompanhado ou não de palavras. Do cartoon em sequência surgiu a história em
quadrinhos. Já o desenho de humor explora os aspectos não-anedóticos dos fatos
e tem no acontecimento contemporâneo sua matéria-prima, focalizando-o em geral
de modo ameno, embora às vezes assuma o caráter de humor negro.
A caricatura já era conhecida dos egípcios (o museu de Turim guarda um
papiro que retrata o faraó Ramsés II com orelhas de burro), gregos (pinturas em
vasos) e romanos (afrescos de Pompéia e Herculano). Dela se utilizaram
arquitetos e escultores românicos e góticos nas fachadas e capitéis das
catedrais, e com ela miniaturistas preencheram as margens de centenas de
manuscritos, mesmo de alguns acentuadamente religiosos. Como arte independente,
porém, a caricatura é fruto da Renascença, devendo-se a Annibale Carracci o
primeiro exemplar do gênero, hoje no museu de Estocolmo: um desenho que
representa um casal de cantores italianos, feito em 1600.
A época dos que se dedicaram à caricatura como uma arte autônoma teve
início com Pier Leone Ghezzi (1674-1755). Até então, essa atividade era
praticada quase exclusivamente por pintores em momentos de descanso de seus
trabalhos "sérios". A partir do século XVIII, a caricatura floresceu,
primeiro com Romeyn de Hooghe, nos Países Baixos, e logo depois com William
Hogarth, pai da caricatura britânica e da caricatura social, entre cujos
continuadores podem ser mencionados Thomas Rowlandson e George Cruikshank. Em
oposição à caricatura pessoal, surge, com George Townshend (1724-1807), em fins
do século XVIII, a caricatura política, que iria ter seu mais notável
representante em James Gillray (1757-1815).
A invenção da litografia pelo alemão Aloys Senefelder, nos últimos anos
do século XVIII, contribuiu bastante para a divulgação da caricatura. Até
então, o caricaturista utilizava apenas matrizes de metal, gravando o desenho
em folhas soltas, com poucas possibilidades de divulgação de seus trabalhos -
os quais nunca ultrapassavam os círculos socialmente mais elevados da
população. A litografia, possibilitando grandes tiragens e preços menores, facilitou
a disseminação da caricatura.
Logo em seguida, e ainda como conseqüência direta da litografia,
surgiram os periódicos especialmente dedicados à caricatura, entre os quais o
semanário La Caricature (1830) e o diário Le Charivari, franceses, ambos fundados
por Charles Philipon. À ação estimulante de Philipon deve a história da
caricatura alguns de seus nomes mais ilustres, como Grandville (Jean Ignace
Isidore Gérard), Gustave Doré, Cavarni e, sobretudo, Honoré Daumier - talvez o
maior caricaturista de todos os tempos, autor de 3.958 litografias, entre as
quais dezenas de obras-primas, incomparáveis ao mesmo tempo pelo apuro técnico,
expressividade e espírito crítico.
Na senda aberta por La Caricature, logo apareceriam numerosos outros
periódicos, em toda a Europa, entre eles, na Inglaterra, Punch (1841) -
intimamente ligado à história do desenho de humor, à caricatura de índole
social - e Simplicissimus (1896), na Alemanha.
Entre os mais famosos caricaturistas do século XIX encontram-se
Philibert Louis Debucourt, Louis-Léopold Boilly, Jean-Baptiste Isabey e Henri
Monnier, na França; Robert Seymour, John Doyle e seu filho, Richard Doyle, John
Leech, John Tenniel e d'Orsay, na Grã-Bretanha; Thomas Nast, Joseph Keppler e
Bernhard Gillam, nos Estados Unidos; Virgínio, na Itália, e Eduard Schleich, na
Alemanha. No período de transição, a meio caminho entre os séculos XIX e XX,
destacam-se os nomes dos ingleses Carlo Pellegrini (Ape) e Max Beerbohm; dos
franceses Caran d'Ache (Emmanuel Poiré), Jean-Louis Forain e Toulouse-Lautrec;
do sueco Olaf Gulbransson, do alemão Eduard Thöny.
No século XX, período das grandes conflagrações internacionais, das
convulsões sociais, das ideologias totalitárias, a caricatura encontraria farto
material a explorar, com destaque para nomes como os de Charles Dana Gibson e
Art Yong nos Estados Unidos, David Low no Reino Unido, Louis Raemaekers nos
Países Baixos, Sennep (Jean-Jacques Pennès) na França e Fritz Meinhard na
Alemanha.
No que diz respeito ao cartoon, merecem menção especial Wilhelm Busch e
Edward Lear, George Belcher e Aubrey Beardsley, Constantin Guys e Eugène Lami,
no século XIX; Saul Steinberg, André François, Manzi, Chaval (Yvan Le Louarn)
Tomi Ungerer, Miguel Covarrubias e Ralph Barton, no século XX.
Caricatura no Brasil
A dar-se crédito a Rodrigo José Ferreira Bretas, primeiro biógrafo do
Aleijadinho, caberia ao famoso escultor e arquiteto mineiro do século XVIII a
prioridade na história da caricatura brasileira. Bretas afirma ter o
Aleijadinho reproduzido, em um grupo de são Jorge com o dragão, os traços de
certo coronel José Romão, seu desafeto. Todavia, o verdadeiro iniciador da
caricatura no Brasil foi Manuel de Araújo Porto Alegre, que publicou a primeira
caricatura, anonimamente, no Jornal do Comércio de 14 de dezembro de 1837: uma
sátira ao jornalista Justiniano José da Rocha, inimigo do artista.
O primeiro periódico a imprimir caricaturas foi a Lanterna Mágica,
publicado no Rio de Janeiro entre 1844 e 1845, possivelmente por iniciativa de
Araújo Porto Alegre. O mais notável caricaturista da época foi, porém, Rafael
Mendes de Carvalho, colaborador daquele periódico. Número razoável de
caricaturas anônimas, quase todas litografadas em estabelecimentos como o de
Frederico Guilherme Briggs, surge no Rio de Janeiro em fins da primeira metade
do século XIX: são, na maior parte, caricaturas políticas, de grande
virulência.
Ao lado de tais caricaturas soltas, vendidas separadamente em
papelarias, surgem publicações como O Caricaturista, que sucedeu ao Sete de
Abril, todas de vida efêmera. Mais importância teriam a Marmota Fluminense
(1849) e o Charivari Nacional (1862). Na Vida Fluminense (1868) colaboraria
desde o primeiro número Ângelo Agostini, um dos maiores caricaturistas
brasileiros do século XIX. Em 1875, o pintor português Rafael Bordalo Pinheiro
fixa-se no Rio e passa a colaborar com caricaturas em O Mosquito e em outras
publicações do gênero.
Outro famoso pintor que publicou caricaturas na imprensa carioca foi
Pedro Américo, secundado por Aurélio de Figueiredo e Décio Vilares. Em 1876,
Agostini publicou o primeiro número da Revista Ilustrada, a que Joaquim Nabuco
chamaria, anos depois, "Bíblia da Abolição dos que não sabem ler",
tal o empenho com que se lançou em prol da emancipação dos escravos no Brasil.
O ano de 1900 inaugurou uma fase nova na história da caricatura
brasileira, com a fundação da Revista da Semana, por Álvaro de Tefé, de volta
da Europa, de onde trouxera novos processos técnicos de impressão: o fotozinco
e a fotogravura. Pela mesma época surgem no Rio de Janeiro três grandes
caricaturistas: Raul Pederneiras (Raul), Calixto Cordeiro (K. Lixto) e J.
Carlos, que podem ser considerados os primeiros caricaturistas verdadeiramente
brasileiros. O aparecimento de jornais e revistas possibilitaria amplo
desenvolvimento à caricatura de cunho social e político.
J. Carlos foi o mais completo caricaturista brasileiro dessa fase, tendo
praticado de modo superior todas as modalidades da caricatura - do
portrait-charge à sátira política, e da ilustração à crítica social. Nesse
período destaca-se também Voltolino, em São Paulo. Por volta de 1930,
começariam a surgir na imprensa novos caricaturistas, que já se distinguiam
pela maior modernidade do traço e pelo modo contemporâneo de encarar o motivo.
Dentre esses, destacam-se os portrait-chargistas Andrés Guevara, paraguaio,
Enrique Figueroa, mexicano, Alvarus (Álvaro Cotrim) e Mendez (Mário Mendes).
Dos caricaturistas desse período, alguns dos mais importantes são: Max
Yantok, cujo traço era arrojado para a época, Antônio Gabriel Nássara, de traço
bastante sintético, Gil, Alfredo Storni, Vasco Lima, Seth (Álvaro Marins), Luís
Peixoto, Emiliano Di Cavalcanti, Ramos Lobão, Emílio Cardoso Aires, Fritz
(Anísio Oscar Mota) e Rian (Nair de Teffé), a primeira mulher caricaturista do
Brasil.
A caricatura política declinou em 1937, com a implantação do Estado
Novo, que instaurou a censura prévia. A segunda guerra mundial, porém, deu
ensejo a sátiras notáveis contra os regimes totalitários, da parte de J.
Carlos, Belmonte (Benedito Barreto), criador do Juca Pato, Téo (Djalma
Ferreira), Andrès Guevara e Augusto Rodrigues, então muito moço. Entre fins da
década de 1940 e início de 1950, surgem Hilde Weber na charge política,
Péricles (Péricles de Andrade Maranhão), criador da figura do Amigo da Onça, e
o humor popular de Carlos Estêvão.
Sobressai nesse período o humorista Millôr Fernandes, que abriu caminho
para o aparecimento, nos anos 60 e 70, de caricaturistas como Ziraldo (Ziraldo
Alves Pinto), Borjalo (Mauro Borja Lopes), Fortuna (Reginaldo Azevedo), Jaguar
(Sérgio Jaguaribe), Claudius (Claudius Ceccon), Appe (Amilde Pedrosa), Lan
(Franco Vaselli), e especialmente, pela essencialidade do traço, Henfil
(Henrique Souza Filho). Na década de 1980 e 1990 sobressaíram-se Luís Fernando
Veríssimo, Miguel Paiva e, na charge política, Chico Caruso.
Fonte:
< http://www.emdiv.com.br/arte/enciclopediadaarte/685-caricatura-historia-e-caracteristicas.html
>
Acessado em
31 de agosta de 2012
Por: Denis Basílio
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